Lacieverso

capítulo 6

flor da lua

Eu já havia passado alguns finais de semana na cama, mas não um tão literalmente. Apesar da clara demarcação de limites — sem beijos envolvidos —, foi a primeira vez que fui acordado de maneira tão… insistente. Meus sonhos se moveram em formato de luzes, com a sensação de algo molhado, e, brevemente, senti que mãos exploravam meu corpo; ao abrir os olhos, azul-celeste me encontrou, desesperado e faminto.
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— Alex… — Você gemeu para mim.
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Ainda na penumbra, com a noite se tornando dia, e termos dormido tão próximos, aquele calor não me era estranho, mas suas mãos se moviam sobre o cós da minha cueca, polegares envolviam meu pau que acordara antes de mim. Notei o arfar de sua respiração, que se confundia com a minha.
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— Por favor, eu tô tão duro…
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Bem, você não precisava falar mais nada.
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Minhas mãos tomaram o controle, com as suas envoltas no meu pescoço, o apertaram de leve; e eu juntei a sua carne com a minha, o calor de seu pré-gozo esquentava ao se derramar sobre mim. Não sabia como poderia ficar mais duro, e usava o polegar para provocar-lhe, com a unha em sua glande; você soltou um longo gemido que me assombraria por anos. Você se apertou contra mim, minhas pernas entre as suas, enquanto o movimentar de cima para baixo nos enlouquecia.
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Você escondeu seu rosto contra meu ombro, seu hálito molhava minha pele a cada arfar.
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— Aqui. — Gemeu, segurava a minha outra mão e a guiou para sua bunda. — Me toque aqui.
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Agarrei sua carne com força, e senti o seu desespero. Seus gemidos saíam em pequenos soluços a cada ação; eu mordi meu próprio lábio. A visão que eu tinha sua, os ombros corados, o pequeno tremular de sua pele… eu poderia gozar somente por lhe olhar.
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— Aqui… — Era insistente seu chamado, mas…
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— Desculpa, não tenho lubrificante aqui, não quero lhe machucar.
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— Não precisa. Por favor, Alex.
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Você implorou, e eu apenas atendi. Um desejo sobrenatural surgia e voltei minha mão brevemente para meus lábios, lambi meus dedos para que houvesse alguma lubrificação nesse sentido. Seu olhar desesperado me acompanhou, e, ao pegar meus dedos, você também os trouxe à boca, os sugou com vontade.
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— Pronto.
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— Jesse… — Arfei.
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Guiou minha mão de volta para sua entrada, e atendi mais uma vez. Sempre que quisesse algo, eu certamente atenderia até mimá-lo irremediavelmente. Adentrei seu corpo, e estranhei a facilidade. Não havia muita resistência e, em pouco tempo, eu já estava por completo em seu interior, movia dois dedos dentro de você. O apertar de suas mãos marcavam minha pele com manchas vermelhas e roxas, e seus gemidos certamente seriam um tópico de conversa entre os vizinhos na manhã seguinte. Eu continuei a mover nossos membros em conjunto, ao mesmo tempo que movia meus dedos em seu interior; e embora a pose fosse um pouco improvisada e sem jeito, o modo que sua boca derramava suspiros era tal qual uma orquestra tecendo uma bela música. Perdi-me em você — pela primeira vez, e por completo. No mar de possibilidades, eu não estaria em qualquer outro lugar, e meus outros eus certamente estariam com inveja de mim neste momento.
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— Jesse…
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— Mais rápido… — Seus olhos fechados, seu rosto corado, uma pintura em meu coração.
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Meus suspiros ecoaram naquela sinfonia, e quando o mar azul me encontrou, fui completamente arrebatado.
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A música de suspiros tornou-se áspera, com respirações rasas, enquanto sentia minha semente se misturar com a sua. Você voltou a se vestir, assim como eu, mas encontrou ninho nos meus braços, apesar da sujeira.
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— Tudo bem? — perguntei.
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— Tem algum problema?
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— Não, é só que não posso dizer que acordei dessa forma várias vezes na minha vida.
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Você soltou uma risada baixa, e apenas se aconchegou, seu nariz gelado tocou a base do meu pescoço, um encaixe perfeito. Ficou alguns minutos em silêncio, enquanto a noite desembocava no dia; e achei que simplesmente apagara, meu próprio sono avançava nos meus olhos como ondas. Mas sua voz clara me atingiu, e acordei mais uma vez.
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— Eu só não consegui dormir.
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— Está tudo bem? — A preocupação me subiu à mente, apesar da sensação que deveria estar tão cansado quanto eu.
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— Perfeito. Eu só fiquei excitado demais. Não se preocupe, garotão. — Senti seus lábios contra minha pele e fechei os olhos.
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Era a primeira vez que me sentia dessa forma, tão… vivo. Era uma sensação completamente nova, e queria aproveitá-la ao máximo. Mas, ainda assim, com você em meus braços, abracei mais uma vez a inconsciência.
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O final de semana estava apenas começando.
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Passamos o sábado na cama, com apenas algumas pausas para comer e bem… Alguma outra forma de comida. Você podia ser baixinho, no entanto, tinha uma energia fora do comum. Entre descansos e refeições, peguei meu caderno de desenhos e esbocei várias imagens, e completei, com sucesso, uma das tarefas do semestre que era encher um caderno de figuras humanas aleatórias. Tudo bem só haver uma pessoa, além de Dave, não era? Havia algo nas suas formas, nas linhas que traçavam seu sorriso, que eu apenas queria desvendar.
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Com meu empenho, as linhas do lápis de carvão preencheram mais uma sombra, e encarei seu rosto, a bela adormecida de meus traços; quando o encarei, seus olhos estavam abertos, e pequenas covinhas emolduravam o seu sorriso.
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— Vai ficar me desenhando assim, de pau duro?
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Eu nem notara o meu estado de excitação, tamanho meu fascínio. As roupas tinham sido abandonadas em algum momento — a pedido seu —, e uma vez que as cortinas foram baixadas, não havia problema algum. Meu pau pulsava, mas eu não tinha necessidade de me satisfazer, apesar da sua primeira atitude ter sido se mover contra mim; sua pele encontrando a minha, sua mão tomando conta da minha excitação.
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— Deixe-me cuidar disso.
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— Difícil negar um pedido desses. — Brinquei. — Especialmente com o que tem em mãos.
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— Mercadoria preciosa, huh? — você continuou, mas ao invés de responder à pergunta ou continuar as provocações, sua cabeça se abaixou e seus lábios tocaram minha glande, para, então, tomá-lo por completo na boca.
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Qualquer resposta que eu poderia elaborar fora esquecida no mesmo segundo.
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— Puta merda, Jesse… — Meus dedos buscaram seus fios dourados, e seguraram sua cabeça contra os movimentos da sua língua contra a minha glande.
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Parecia ter bastante experiência naquilo, e eu me sentia bem mais enferrujado. Não era mais virgem, e tive minha cota de aventuras durante a adolescência, porém, você era um verdadeiro furacão, devorava e engolia tudo o que passava; o que, aparentemente, incluía o meu gozo em seu interior.
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— Hmm… — Gemi contra o corpo dele, e pressionei ainda mais os fios contra minha mão, puxando-os de leve enquanto movia sua cabeça contra mim.
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Aos poucos a loucura aumentou, e eu não sabia mais a diferença de minha pele com a de Jesse. Quando gozei em sua boca, o líquido a preencheu e escorreu levemente de seus lábios, que apenas usou a língua para contê-los e engolir.
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Arfando, eu não sabia mais o que fazer, ou o que sentir. Você, no entanto, se sentou na cama e começou a procurar suas roupas.
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— Hm? — Quando recobrei parte da minha consciência, o vi tirar o celular do carregador e arrumar suas roupas em um montinho em cima da cama. — O quê…?
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— Preciso ir.
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— Já?
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Nunca esquecerei da sua risada preciosa, volvendo olhos divertidos para mim.
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— Nada contra dormir aqui, ruivinho, mas não posso aparecer no trabalho com a mesma roupa dois dias seguidos. Tenho aulas durante a semana, mesmo que não seja pra a sua turma. De qualquer forma, preciso voltar pra casa de vez em quando também.
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Mas, antes de entrar no banheiro, soprou um beijo para mim.
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— Mas posso voltar na segunda se sentir tanta minha falta assim.
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Não sei o porquê esperava outra coisa, visto que ele não parecia ser alguém de se apegar a outrem tão facilmente. A pessoa que preferia meter meu pau em sua garganta a me beijar — era alguém bastante peculiar. Talvez eu não devesse me apegar. Talvez eu devesse acabar com tudo bem ali, e passar a ignorar as mensagens dele.
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Mas, no fundo, seria impossível. Eu prometera, não foi? Que estaria sempre presente para quando ele precisasse. Poderia ligar a qualquer hora e a qualquer momento, eu estaria lá.
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Eu que guardasse meu coração em um lugar seguro, porque a sensação que eu tinha desde o nosso encontro na ponte foi que você me arruinaria por completo, Jesse. Fosse para mim mesmo ou para qualquer outra pessoa, nosso encontro tinha toques de Destino escrito.
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De uma forma ou de outra, eu estava perdido.
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Me levantei e fui em sua direção, meu peito contra as suas costas. Seus ombros tremeram ante ao toque das minhas mãos geladas, e joguei um desejo contra a tatuagem de hortênsias em suas costas ao baixar meu olhar até elas. Volte mesmo, pedi.
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— Hm? Vai tomar banho comigo?
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Meu sorriso veio fácil, assim como suas mãos em minha bunda.
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— O que eu não faço por você, Jesse?
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Meu celular me acordou por causa da quantidade de vibrações. O cansaço em meus ossos tinha me alcançado enquanto eu andava pela rua das Margaridas, e assim que cheguei a meu quarto, me joguei na cama, cansado, suado e ainda cheirando a sexo, apagando por completo. Mas aquelas mensagens… aparentemente, alguém lembrou da minha existência.
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Revirei os olhos ao checar o teor delas. A quantidade de erros gramaticais e o fato de serem três da manhã, denunciavam que Kurt chegara bêbado e com tesão em casa. Irônico ele só se lembrar de mim nessas horas, e não quando eu precisei dele no Halloween. Agora que tinha o ignorado a semana inteira, ele me chamava com insistência. Era o mesmo ciclo vicioso. Eu arranjava alguém, Kurt aparecia. Eu dava o pé na bunda dessa pessoa para ir atrás de Kurt, e ele misteriosamente arranjava outra pessoa e me dava um chá de sumiço. Aí eu voltava a procurar alguém, reiniciando o ciclo.
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Kurt Durand era, para todos os efeitos, meu vizinho. Mesma situação familiar: pais separados, pai ficou com a casa, a mãe foi com o marido rico e o abandonou com o pai ausente. Isso lhe deu muito tempo livre, e uma janela com uma tubulação bem fixa. Somando isso com dois rapazes na puberdade, só podia dar um mar de confusões.
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O quarto de Kurt sempre foi meu alento quando eu precisava escapar de algum problema em casa. Ele pintara as paredes de preto em um arroubo da adolescência, e agora mantinha a cor apenas por orgulho: nem mais emo, nem rock; eu sabia que a playlist do Spotify de Kurt continha artistas como Demi Lovato e Taylor Swift. Eu o conhecia tão bem quanto a palma da minha própria mão, portanto sabia o quão não confiável ele era.
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— Completamente insuportável… — As mensagens não paravam de vir.
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Kurt queria alguma coisa. Atualmente, ele só mandava mensagem quando precisava muito de mim. Ou queria uma foda, no entanto, desde o último boy dele, ele me evitava como a peste negra. O que era ruim para mim, porque os únicos lugares onde eu podia ter um pouco de refúgio costumavam ser o meu quarto ou o quarto dele. E até mesmo as minhas paredes me sufocavam aos poucos. Às vezes eu precisava do ar que ele me dava.
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Só que ele vinha e ia quando queria. E eu tinha que respeitar isso.
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Menos quando ele era um babaca de marca maior.
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— Mas que merda… — eu disse, por fim, e peguei o celular da cômoda.
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Foi então que notei o horário. Eu havia apagado por volta das sete da noite, com pensamentos nada santos sobre um certo ruivo e mãos calorosas; e se eram mais do que três da madrugada, eu era um duende. Apesar das poucas horas de sono, eu não me sentia nem um pouco cansado. Somado às evidências, eu soube de imediato o que Kurt queria àquela hora.
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Suspirei ao ler o conteúdo das mensagens. Dava para notar, pelas palavras porcamente espaçadas e pelos erros de grafia, o quanto de álcool estava em seu sangue. Kurt só fodia ébrio. E não era lá uma foda muito carismática também. Atualmente, eu tinha uma opção melhor. As mãos de Alex ainda percorriam meu corpo, e eu estava completamente duro. Ao mesmo tempo, usar minhas mãos para lidar com o problema empalidecia ante a coisa real.
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Dei de ombros, e fui calçar meus sapatos. Uma foda a mais poderia me ajudar a dormir. Kurt conseguira me acordar. Peguei o par jogado de qualquer jeito ao chão, e nem cogitei sair pela porta da frente. Não sabia se Nama estava em casa, mas eu tinha total certeza de que meu irmão estaria em seu quarto, e o caminho para a porta principal passava pelo dele. Dar de encontro com meu irmão gêmeo naquele estado seria a última gota para meu suicídio iminente.
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— Tsc… — reclamei, e analisei a janela. Minha única opção.
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Eu já tinha saído pela janela e voltado por ela algumas vezes. Nama já havia me dito para não fazer isso, no mesmo tom professoral que pedia para que eu desistisse da profissão de modelo vivo; e como a maioria das coisas que Nama falava, eu ignorei seu pedido. Era uma altura considerável, já que o meu quarto ficava no segundo andar. Mas quem disse que eu me importava se algum dia eu me esborrachasse no chão?
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— Talvez fosse até melhor… — Ecoei os pensamentos mais profundos.
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De qualquer modo, eu peguei meus tênis e os calcei, já que eles serviriam de apoio melhor na tubulação do que meus pés descalços ou com apenas de meias. A tubulação daquela casa era velha e rangia conforme eu descia por ela, fazendo com que meu coração desse um mini ataque cardíaco a cada vez que eu descesse; apenas xinguei Kurt por me forçar a sair, e uma vez no chão, eu corri para o final da rua.
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O número doze da rua das Margaridas era uma parte calma do subúrbio. Era uma rua pacata, onde viviam famílias quebradas. A maioria era divorciada. No número treze vivia um rapaz de meia-idade cuja alcunha para todas as crianças era de bruxa, e no Halloween ele fazia questão de se vestir como tal. Ainda assim, o maior escândalo daquela rua ainda estava para acontecer.
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Porque eu sabia, desde o dia em que nossos pais nos trouxeram envoltos em panos de hospital, ainda recém-nascidos, que eu não iria sobreviver ao número onze da rua das Margaridas.
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A casa era sorumbática à noite. Às vezes, eu vinha observá-la. O quarto de Chase continuava lá, assim como o meu. Uma pequena luz azul vinha do quarto de Hayley, e eu sabia que era porque minha meia-irmã não conseguia dormir completamente no escuro, e precisava sempre de uma luz-guia para acalentar o sono. Eu me perguntava se aquela estrela solitária um dia se apagaria.
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Fiquei alguns momentos observando a casa que um dia foi o meu lar. Eu sabia que poderia parecer estranho: afinal, eu era uma sombra de gente, de moletom e capuz, observando, às três da madrugada, uma casa de uma família de bem; mas não conseguia evitar. Era uma ânsia tão forte, de ter algo que não se podia obter, que me fechava a garganta.
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Uma pequena estrela se acendeu.
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E outra, mais forte.
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As luzes da casa se acenderam.
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— Merda — murmurei.
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Corri em direção ao gramado do número doze, sabia o caminho a seguir para escapar.
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— Jesse? — ouvi a voz sussurrada de Kurt. — Merda, o que você está fazendo?
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— Abre a porta para mim! — sussurrei, urgente, de volta.
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— Quê? Não! — Ele abriu a janela, e chamou-me com a mão. — Sobe por aqui!
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— Cê tá louco?!
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— Sobe!
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A movimentação na casa onze ainda era muita, mas eu não tinha muito tempo, então fiz o que me foi mandado: comecei a escalar a tubulação da casa de Kurt, e quando passei por sua janela, ele me agarrou e me puxou com o peso do seu corpo para dentro do seu quarto.
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O desgraçado estava rindo de se acabar, é claro.
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— Caralho, Jesse… — Ele me puxou mais um pouco. — Cê devia ter visto sua cara.
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— Seu filho da puta….
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— Epa, epa, eu não xingo a Dona Nama, e você não xinga a Dona Karen. — Karen era a madrasta dele. A terceira que ficou. — Não tínhamos esse acordo?
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— Você me manda um monte de mensagens a essa hora…
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— Achei que esse era outro acordo nosso. — Como eu queria dar um soco naquele sorriso maldito.
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— Você diz isso, mas me larga por outro boy quando dá na telha.
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Kurt não disse nada, apenas me puxou para um beijo. Não correspondi, sentia o seu bafo de álcool, porém, me encaixei em seus braços; senti o conforto familiar de seu corpo, já que conhecia suas curvas muito bem. Ele não trajava nada mais do que uma cueca boxer preta, o que facilitava sentir sua ereção, já despontante, então eu sabia que ele não desistiria tão fácil.
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Não que eu fosse a pessoa mais difícil do mundo…
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— Vamos, Jesse. — Ele mordiscou meu lábio inferior, me provocando. — Eu sei que você quer.
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E eu queria?
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Bem, eu não… não queria.
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Era melhor que nada.
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— Seu idiota completo. — E foi o suficiente para que eu começasse a tirar meu moletom e, com ele, o resto das minhas roupas.
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O toque dele sempre era rápido, eficiente, e em muitas ocasiões, indolor. Quase mecânico, com suas mãos frias que pareciam cobrir meu corpo inteiro com apenas o menor dos toques. Mas suas mãos eram largas e pareciam cobrir o meu corpo inteiro e, assim, me faziam esquecer que, um dia, eu estive prestes a queimar. Eu implodia por inteiro em seus braços e me desfazia, para, em seguida, me reconstruir aos poucos. E, no fim, eu emergia, vitorioso, um pouco mais suado, mas são.
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— Quem é o da vez?
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A fumaça do cigarro nos envolvia, enquanto meu corpo ainda se recuperava dos orgasmos. Kurt era fumante, lógico que era, apesar da mãe detestar aquele hábito. Logo, ele o escondia. Apenas ficava ali, na cama, depois de fodermos, enquanto o sol ameaçava nascer nas primeiras horas do dia. Estava com muita preguiça de me levantar e pegar as minhas roupas espalhadas, e com uma réstia de esperança de que repetiríamos o ato. Mas alas o tempo.
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— Por que tem que ter um “da vez”?
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— Você está com a mesma cara de peixe morto apaixonada de sempre.
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— Não estou apaixonado.
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— Conta outra.
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Aquilo era encheção de saco suficiente. Eu não iria aturar mais uma crise de ciúmes por uma relação pela metade como aquela. Levantei-me de supetão, ignorando o cansaço do meu corpo, e comecei a procurar as minhas roupas.
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— Jesse…
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Ele segurou meu braço, me impedindo de sair da cama. Eu conhecia aquilo. Era um vício ao qual estava acostumado.
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Só que era difícil recusar o calor quando você estava prestes a adentrar o frio do universo.
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Virei-me para ele, esperando.
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esperando, esperança, esperando
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Cometas azuis e castanhos se encontraram. Colidiram. Um milhão de palavras não ditas.
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— Tome cuidado com o buraco que você está se enfiando.
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Mais uma decepção. Sentimentos e Kurt não combinavam.
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— Hm.
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Ele me soltou. Não me impediria de tomar as minhas decisões, nem me impediria de quebrar a cara. Porque, no fim, ele achava…
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sabia
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que eu voltaria para ele.
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Ele se encostou de novo em seus travesseiros e tragou seu último cigarro.
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— Ou ele se enfiando no seu buraco, é mais provável… — Riu.
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Revirei os olhos.
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— Vai se foder.
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— Adoro quando você fica bravinho assim. Volte depois. Você sabe que só tem a mim, no final das contas.
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Eu olhei para ele, ainda nu em cima de sua cama, e o corpo delgado que mostrava as marcas do que fizemos. Indeléveis. Inegáveis. Inexistentes.
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Eu estava preso naquele ciclo.
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Pulei a janela.
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A volta para a casa nas primeiras horas da manhã foi bem mais calma. As pessoas começavam a sair para o trabalho, metidas em seus casacos e bufando contra seus cachecóis enquanto se agarravam fortemente às suas canecas térmicas de café; quando não se agarravam às coleiras móveis de seus cachorros. O clima estava frio, mas não o suficiente para que nevasse. Uma chuva ameaçava cair, e se eu fosse rápido o suficiente, conseguiria voltar sem maiores problemas.
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Foi sôfrego que cheguei em casa, depois de tamanho exercício. Tinha gana de ir ao meu quarto e tomar banho, me livrar do suor acumulado da noite e do sexo, mas eu iria apenas acordar a casa se fosse ao chuveiro naquele horário. E, bem, não era contra acordar meu irmão e o namorado se fosse necessário.
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O problema era…
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Abri a porta da frente e espiei. O terreno parecia limpo. Tirei meus sapatos e, com cuidado, subi de novo as escadas e fui em direção ao meu quarto. O escuro me convidou a entrar, e encontrei tudo como estava na noite anterior. Abandonado, vazio e oco. Apenas tirei minhas roupas, ficando de cuecas, e me joguei na minha cama.
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Esperava que o sono viesse, já que o cansaço obliterava meu corpo e o esmagava em pedacinhos pequenos em que sentia os tremores, mas minha mente permanecia desperta e culpava cada centímetro de pele pelas decisões tomadas; e por isso entrava no ciclo em que me mantinha acordado.
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Eu não deveria ter ido.
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E teria feito diferença se eu não tivesse ido?
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Eu não deveria ter dado.
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Eu estava fodido.
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Meio que literalmente.
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Passei uma mão por meu estômago, pensando. E pensando. A mão de Alex era tão maior do que a de Kurt, e bem mais gentil. Kurt tomava o que era dele. Alex, por desconhecer, por desbravar, pedia por permissão. Era uma diferença importante.
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Percebi então que parte do meu vazio era fome, e já que não conseguia descansar minha mente… levantei-me e coloquei uma camisa limpa; desci para o primeiro andar, pronto para invadir a cozinha e encarar a geladeira, quando…
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O tilintar da louça.
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Aquele som tão conhecido, como o de passar de saltos altos em pisos de cerâmica, demonstrava que eu não estava sozinho. Meu coração pesou. Minha garganta travou com o peso de palavras que um dia queriam ser ditas, de conversas inteiras travadas no fundo da mente durante banhos inteiros.
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Minha mão congelou ao tocar a maçaneta da porta enquanto a imagem de Nama tomando café na sua xícara dourada apunhalava meu imo.
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Seus olhos azuis penetraram-me.
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— Bom dia — ela comandou, ao colocar a xícara no lugar.
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Torradas integrais com abacate amassado. Café sem açúcar, uma colher de creme. A mesma xícara dourada que pertenceu à minha bisavó. O mesmo ritual matutino, o cabelo preso alto em um coque para facilitar o trabalho de cortar pessoas, sem manchar o uniforme branco.
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Nama Bennett era uma pessoa. Um ser tão diferente naquele universo que havia sido colocado na minha órbita, e, bem ali, ela havia gerado uma supernova. Ela era a criadora de algo, e, pelos poderes que ela continha, poderia ser considerado um Deus. Uma geradora de Big Bangs, apenas com o poder de palavras.
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— Bom dia — eu disse, baixinho, não podia mais me esconder atrás da porta como fazia quando era criança.
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Corri até a geladeira e coloquei mais uma barreira física entre nós; o frio da geladeira não se comparava com a gelidez de seu olhar.
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Minha mãe continuou a comer, e eu, a encarar o interior, sem nem mesmo olhar, apenas pensando. Maquinando. Estar na cozinha ao mesmo tempo era um martírio. Gostaria de ter poderes alienígenas para poder entender o que ela pensava. Todas as vezes que falávamos era uma chuva de meteoros.
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— Você vai trabalhar hoje?
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Fiquei em silêncio, cuidadosamente escolhendo as palavras. Era uma armadilha. Nada vinha de graça naquela casa, nem a primeira refeição do dia. Nem uma pequena pergunta como aquela era desprovida de significado.
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— Sim — só pude confirmar.
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— Você já viu o que eu mandei para você?
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Fechei a geladeira sem pegar nada.
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Fui até o filtro e peguei um copo de água. Meu celular, na minha mão, trazia as provas cabíveis do crime: os links das bolsas para universidades, os cursos de faculdades diversas; todas as mensagens vistas, mas não lidas.
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— Dei uma olhada por cima.
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— Ah, Jesse…
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O tilintar da louça e os sapatos de salto alto denunciavam que ela tinha terminado a conversa antes mesmo de começá-la. Abaixei o olhar e tomei minha água. Se mantivesse a boca ocupada, não precisaria falar. E tinha o bônus de engolir as verdadeiras palavras que eu queria dizer.
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— Você sabe que as inscrições para o semestre de inverno estão acabando, não sabe? O que está te incomodando tanto? — Ela veio para o meu lado, no balcão, e trazia os pratos para lavar. — Qualquer curso serve, desde que você escolha. Você sabe que dinheiro não é um problema. Temos recursos, e você pode aplicar para bolsas…
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— Eu sei. — Minha voz saiu esganada. — Eu sei. Eu só não tenho interesse por enquanto. O trabalho toma todo o meu tempo.
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O suspiro atingiu a decepção em seu olhar.
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— Você deveria arranjar um outro emprego, amor. Tem outro nome pra quem tira as roupas para sobreviver.
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O que responder àquilo? Eu apenas assenti. Nama Bennett se aproximou de mim, e me deu um beijo cálido na testa.
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— Tome um banho antes de sair. Tenho que ir. Tenho um plantão daqueles.
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Não sei quanto tempo fiquei ali, encarando as ondas da água em meu copo, enquanto o eco dos sapatos de salto dela se distanciavam dentro de mim. A explosão mais forte foi do copo se partindo; e os cacos espalhados refletiram não somente o reflexo quebrado da minha alma, mas também o vazio interior daquela casa.
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Um dos cacos passeou perigosamente sobre peles, frio e cósmico.
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Meu celular vibrou, o alarme de despertar.
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— Droga.
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Verifiquei o celular. Tinham duas mensagens. Uma de Kurt, é claro. Essa eu poderia ignorar.
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A outra…
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Alex: meu modelo preferido, que tipo de café você gosta?
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Alex: me avise quando você estiver chegando.
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E eu não pude deixar de sorrir. Meu primeiro trabalho naquela manhã seria na turma dele; e apesar de não saber exatamente o que ele pretendia com aquela mensagem, era muito revigorante todas as vezes que eu recebia algo dele. Minhas forças se renovavam. Não sabia o que estava acontecendo entre a gente, mas Alex Morris…
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Alex Morris não era um rapaz de se jogar fora, não.
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Eu juntei os cacos e fui em direção ao meu quarto, pronto para mais um dia.
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O café era novidade.
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— Eu não avisei a você que iria modelar.
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— Eu tenho meus meios. — O sorriso dele era contagiante.
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Eu esfreguei os pulsos, o band-aid coçava terrivelmente. O olhar de Alex foi direto para minhas mãos.
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— O que aconteceu?
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— Um acidente. Nada sério. — Dei um gole no café, ainda estava bem quente.
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— Sei. — Alex ergueu uma meia sobrancelha, enquanto Dave o olhava de seu caderno.
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— Vocês são muito nojentos.
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— Ah, vai me dizer que você e Samuca não trocam mensagens super apaixonadas?
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— Não…! Só falamos sobre livros. Não é nada impuro…
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— Mas você gostaria que fosse, né?
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Dave corou e se levantou.
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— Vou para minha aula…!
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O cavaleiro em sua armadura brilhante se ergueu, a mochila em punho, e eu apenas ergui uma sobrancelha.
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Embora não fosse comum que Dave tomasse a iniciativa para ir para qualquer lugar, era visível que Alex estava ali, pronto para acompanhá-lo, como um guarda-costas a defender uma princesa de um país estrangeiro. Era muito estranho imaginar um adulto crescido como Dave com roupas de renda e babados, porque o estilo de Dave era, obviamente, voltado para o punk rock, especialmente com o cabelo pintado de lavanda e raspado dos lados. O que tornava toda a coisa da agorafobia muito curiosa.
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Eu queria saber mais sobre aquilo?
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Não necessariamente.
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Não era da minha conta. Estava interessado em Alex, e não no amiguinho com defeitos dele. Alex podia brincar de salvador o quanto quisesse, desde que me fodesse no final do dia. E quando eu me cansasse daquilo, eu sempre tinha a quem voltar.
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Ao menos, era o que eu me dizia. Mas meus ombros ficaram um pouco menos tensos quando Dave fez Alex sentar-se de novo ao meu lado, e o calor de sua jaqueta invadiu a minha.
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 — Fique aí com seu amorzinho.
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— Não estamos namorando, Dave.
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Ele apenas deu um sorriso, com o vapor escapando de sua boca, e saiu olhando intensamente para o telefone enquanto caminhava pelo campo congelado, onde a fina neve finalmente tinha feito sua cama; e eu fiquei a encarar Alex ao meu lado, com meu café no copo térmico a esquentar as minhas mãos.
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— Então… — comecei.
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— Está frio, não está?
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— Sim. Vi que vem uma frente fria por aí. Talvez a primeira nevasca do ano. Não gostaria de me encontrar fora de alguns braços quando acontecesse.
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— Gosta de braços quentinhos, hm? — Alex cantarolou, e os dedos tocaram as beiradas do muro. — Mais do que de café?
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— Alex… — Tentei permanecer sério, no entanto, não conseguia manter uma fronte com ele.
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Era como se ele conseguisse penetrar todas as barreiras que eu impusesse. Em um pigarro, eu me levantei da mureta em que nos encontrávamos. 
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— Temos de ir. O modelo não pode se atrasar para a aula.
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— É verdade. Você sempre é muito correto, mas… — Alex me puxou pela cintura, e senti seus braços me envolverem. Droga. O corpo dele todo era muito caloroso. Era quase uma covardia. — Só mais cinco minutos, está bem?
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— Você está jogando sujo… — fiz um muxoxo, mas não consegui não ceder. Abracei-o de volta.
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Ele volveu os olhos verdes, brilhantes e sapecas, em minha direção.
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— Ah, eu nunca prometi um jogo limpo, meu caro Jesse.
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Puta merda.
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Era difícil não se apaixonar por um cara daqueles.
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Mas eu não podia.
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Podia…?
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A série de mensagens apareceram no meio da aula, portanto, eu só a vi quando estava terminando de me arrumar.
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Chase: Você vai voltar que horas para casa hoje?
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Chase: Mamãe quer conversar com você.
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Sabia exatamente o tipo de conversa que aquilo iria render. Mais links que eu não leria. Acompanhados de um sermão que eu não estava preparado psicologicamente para ter, não depois de uma manhã e uma noite daquelas.
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Palavras e cenas travaram na minha garganta.
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Coloquei a jaqueta, sem saber como responder à mensagem, quando senti uma cutucada nas costelas. Virei-me, soltando uma respiração presa, pronto para ver o sorriso largo de Alex e sentir a vida melhorar um pouco, mas não era ele quem estava ali atrás de mim. Era um de seus colegas, um dos mais tediosos, cujo nome eu desconhecia. Na verdade, eu mal sabia o nome de todos os alunos para qual eu modelava, porque eu não me interessava. Eu tinha dificuldades em gravar o nome dos professores, quanto mais dos outros em sala. Portanto, aquele tipinho, com os cabelos recém cortados morenos e os óculos de grau falsos, apenas me despertava desconfiança. Porque eu sabia exatamente o que estava por detrás deles, por detrás do sorrisinho sem graça.
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Um convite.
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— Sr. Modelo…
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— Jesse — disse, curto. — O que você deseja?
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— Você é muito bonito.
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Ah, a bajulação.
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De certa forma, eu vivia disso. Não era o primeiro homem a chegar em mim depois de uma aula, especialmente uma em que eu me sentira empolgado o suficiente, após o abraço de Alex, e dera o máximo de mim. Eu queria me mostrar para Alex, porém, acabara atraindo mais olhares. Isso, obviamente, não era um problema.
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Ele estendeu a mão para mim, com um papelzinho amassado.
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Dejá vù?
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— Se te interessar…
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— Ele não está interessado. — Não fui eu a responder, e sim o vulto gigante de Alex, que apareceu como um raio assim que o outro ameaçou seu território.
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Eu estava surpreso, porque a última vez que colocara os olhos nele, ele estava do outro lado da sala; falava alguma coisa com uma colega de classe enquanto arrumava seus materiais, e provavelmente estava me esperando terminar de me arrumar para que pudéssemos buscar Dave depois de sua aula de literatura. Não achava que ele fizesse o tipo ciumento.
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O cara, apesar de ser mais alto do que eu, certamente não se comparava com Alex. Ele recolheu os ombros, mesmo eu já tendo guardado o número de telefone. Olhou de Alex para mim, e apenas sorriu de escárnio.
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— Se você algum dia se cansar dele, e quiser uma sessão privada de desenho…
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— Você não pode pagar o preço dele — Alex repetiu, e se colocou entre nós. Tinha vontade de suprimir o riso. Era a primeira vez que um dos meus “casos” se importava tanto. — Acho melhor você ir embora.
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Quando o outro finalmente se foi, eu fechei o zíper da minha jaqueta.
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— Não sabia que você era assim.
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— Assim, como? — Alex se virou para mim. — Não gosto dele.
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— Ciumento.
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— Não são ciúmes. — Ele bufou, mas dava para ver que corava um pouco. Fofo. — O cara não bate bem da bola. Anote o número dele pra bloquear da sua agenda. Não sei se ele vai desistir assim tão fácil…
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Peguei meu celular mais uma vez, mas a mensagem estava lá, escancarada no visor.
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Eu não poderia escapar.
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Chase: Jesse? Você vai voltar para casa hoje?
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— Posso ir pra a sua casa hoje?
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Alex sorriu, e passou os braços pelos meus ombros, e eu pude, enfim, respirar.
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— Você não é de responder muitas mensagens, não é mesmo?
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— Não sei do que está falando. Não conversamos o tempo todo pelo celular?
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— As minhas você responde. As de outras pessoas…
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Apesar de tudo, eu sorri. O calor daquela estufa que Alex chamava de casa era suficiente para derreter até a mais fria parede de gelo que eu pudesse erguer para proteger o meu coração. Eu não conseguia não ceder quanto aos desejos dele de ser seu modelo, por isso estava ali, nu, com apenas algumas cobertas a esconder minhas intimidades; mas até mesmo meu tédio tinha alguns limites, e por isso meu smartphone tinha encontrado seu caminho de volta aos meus dedos. Alex estava à minha frente, também com poucas roupas, um pescoço marcado por meus lábios; e um caderno de desenho que, aos poucos, se preenchia em seu colo.
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— As outras pessoas não importam tanto quanto você.
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— E, no entanto, o senhorzinho não larga o celular.
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Virei-me na cama e expus minha bela bunda no processo, queria dar um fim àquela discussão com um pouco de sedução de minha parte.
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— Bem, foi você quem me deixou sozinho nesta cama. Está tão frio e escuro…
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Alex continuou a desenhar, mas eu sabia que o afetava. Alex era uma pessoa simples de se entender. Ao menos, era o que parecia.
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— Ora, ora, estamos jogando sujo?
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— Aprendi com o melhor mestre no assunto. Agora pare de me enrolar, e venha me “enrolar” de verdade.
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Ele revirou os olhos, no entanto, pelo canto de olho, pude vê-lo colocar o caderno em cima da mesinha e ir em direção da cama. Ele pulou em cima de mim, e meu coração começou a acelerar.
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— Você é muito exigente, Sr. Bennett.
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— Apenas gostaria de um beijo, Sr. Morris. — Eu sorri, o provocando. Alex pareceu surpreso, e um sorriso em seu rosto, a centímetros do meu, quando tapei sua boca com a mão. — Não disse onde queria o beijo, Sr. Morris.
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Alex parou por um momento, até que a compreensão alcançasse os olhos verdes e as meia-sobrancelhas unidas em um ponto se ergueram em surpresa. Um sorriso de escárnio surgiu debaixo da tatuagem de ás de espadas.
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— Seu desejo é meu comando, meu caro Jesse.
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E enquanto ele se abaixava para pegar meu membro riste, eu dei uma última olhada na mensagem flutuante.
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Chase: Onde você está?
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E ao envolver meu membro por inteiro com a boca, o celular ficou decididamente esquecido.
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Eram quase onze da noite, mas as mensagens ainda vinham. Alex estava abraçado nas minhas costas na cama, quase cochilando, quando ele finalmente se irritou. Estava me perguntando quanto a paciência dele duraria.
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— Tá, de quem são essas mensagens todas? É do seu namorado?
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Eu soltei uma risada fraca.
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— Eu não namoro ninguém, sr. Morris.
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— Sua mãe então. — O agarro dele em minha cintura se fechou ainda mais contra minha pele, marcando-a mais do que seus lábios fizeram antes.
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— Isso são ciúmes, sr. Morris?
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— Jesse, por favor.
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Mas era tudo que eu precisava para me virar.
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— E se for um outro homem? O que você acharia?
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A expressão mau encarada dele me disse tudo, e eu apenas ri.
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— Tão bonitinho com ciúmes…
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— Vá se foder, Jesse.
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— Bem, espero que você me foda, sr. Morris. — Coloquei as mãos em seu peito, a provocação foi das pontas dos meus dedos para a curva dos meus lábios.
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— Alex.
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— Hm?
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— Me chame de Alex, Jesse.
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Eu suspirei, e aceitei que tinha ido longe demais. Voltei a me virar, e encarei o celular que acendia com mais uma mensagem.
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— É de fato outro homem. — Dei de ombros. — Chase, meu irmão gêmeo.
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— É? Ele está preocupado com algo?
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— Eu diria que ele tem mais coisas pra se preocupar do que comigo.
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Ficamos em silêncio, o sono vinha fácil. Fechei os olhos, e antes que pudesse me entregar completamente ao buraco negro, ouvi algo.
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— Eu não tenho irmãos.
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Estava prestes a cerrar os olhos, quando senti o bafo quente de Alex em meus ouvidos. Achava que ele já tinha dormido, mas as palavras dele me surpreenderam tanto que achei que saíram de um sonho.
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— E…?
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Ele riu e beijou as minhas costas.
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— Eu não tenho irmãos. O mais próximo de uma família que eu tenho, atualmente, é Dave e a mãe, Kate.
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Movi-me contra ele na cama. O quarto escuro caía em silêncio, e devia ser muito tarde da noite; contudo, apesar da nevasca lá fora, eu não sentia frio, porque o corpo quente de Alex envolvia minhas costas. Pensei se deveria fingir ter pegado no sono, mas não conseguiria ignorar Alex.
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— Seus pais morreram?
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— Minha mãe sim. Meu pai, às vezes, esqueço que não.
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Pesado. Era com aquele peso nos ombros que Alex vivia.
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— Por isso esse palácio? — Brinquei.
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— As coisas que se fazem quando se é expulso de casa… esse é o único lugar que minha bolsa da faculdade pode pagar.
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Você é doente.
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As memórias cortaram minha mente e o sangue escorreu dos meus olhos, marejando-os. Eu me lembrava. Agarrei-me à Alex, e tentei desviar o assunto.
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— Seu pai não curtia gays?
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— Não é como se ele fosse homofóbico… eu acho que ele cansou de ter a paciência testada. E eu testei. A paciência dele, digo. — Alex riu, e por causa da distância, todo sopro passava por minha orelha, aquecendo-a, animando-a. — Minhas amizades não eram da melhor estirpe. Tem um motivo pra eu ter uma tatuagem no rosto.
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— Confesso que eu tinha curiosidade sobre isso.
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— E, no entanto, não perguntou.
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— Não achei que fosse fazer diferença.
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— Faz toda.
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Ficamos em silêncio por tanto tempo que achei que ele tivesse dormido, mas não pude me conter.
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— Por que você tem uma tatuagem no rosto?
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— Achei que não fosse perguntar.
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— Estou perguntando.
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— Eu sei. Fico feliz. — E eu não sabia o porquê de ele ficar feliz apenas com aquilo, porém, Alex era um bobo. — Confesso que é uma história meio embaraçosa. Envolve um ex e bebidas.
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— Ah, acho que aí já não quero saber mais.
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A risada de Alex ecoou alta pelo pequeno apartamento e dentro de mim. Eu me senti pequeno e cheio. Virei-me no abraço e apertei as bochechas dele.
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— Vai falar de ex na minha frente?
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— Estava falando nas suas costas…
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Fiz um muxoxo.
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— Isso são ciúmes, Jesse?
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— Alex Morris…
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— Jesse Bennett… — O toque dele na minha franja, para que ele pudesse me encarar. Os olhos verdes faiscavam no escuro, a parca luz os transformava em ouro. — Você é muito especial.
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Aquilo me desarmou por completo. Encostei minha cabeça em seu ombro, e me deixei embalar por um sentimento ainda sem nome, mas aquecido pelo calor daquele apartamento; eu não sentia mais frio, nem solidão.
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— E onde Dave entra nisso?
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Uma xícara de café expresso, quentinha, cobertas sobre ombros. Eu passei a semana na casa de Alex — voltava brevemente para casa, em um horário que sabia que os outros dois não estariam, para pegar algumas roupas; apesar das camisas de Alex, ao serem usadas por mim serem vestidos, eu as usava do mesmo jeito —; mesmo com o trabalho, eu sempre encontrava com Alex quando suas aulas acabavam, e ia junto para casa dele. Claro, sempre havia o desvio de caminho em direção à casa de Dave, para entregá-lo a sua mãe. Dave pareceu ter se acostumado comigo, porque se abria mais, em especial em pedir conselhos sobre o que falar para Samuel. Era fofo.
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De um jeito irritante, mas fofo.
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O sábado amanhecia com uma promessa. Lábios encontravam o líquido escuro e, agora, perguntas escapavam deles. Alex preparava nosso café da manhã, enquanto eu me encontrava curioso e cheio de dúvidas.
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— Dave é meu amigo de infância. Acho que já mencionei isso?
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— Eu tenho amigos de infância, e certamente não ajo assim com eles.
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Claro, dormir com amigos de infância era um passo além, mas Kurt era diferente.
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Alex riu enquanto quebrava ovos na cozinha apertada.
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— Sabe, eu não gostava de Dave no começo. Eu tinha doze anos quando o conheci, quando a família dele se mudou para a nossa ruazinha. Nossa gangue não o aprovou de início. Muito mirrado. Muito estranho. Sempre mais interessado em ter um livro em mãos do que brincar de skate ou patins com a gente. Era bem mais novo também.
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— Então ele não se encaixava?
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— Nem um pouco. Mas Kate… a mãe dele, me pagava uma grana pra ser babá. E apesar de chatinho no início, ele logo conseguiu crescer para ser uma criança mais “normal”. Ele é muito inteligente, e tem um humor muito ácido.
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Sorvi de meu café, e olhei para fora. A nevasca tinha deixado uma camada fina de neve, que agora se derretia pelo calor do dia. A previsão do tempo não parecia melhorar em nada, e uma geada estava programada para aquela noite. Era um sinal para permanecermos na cama, especialmente por não ter nada para fazer e poder ficar debaixo das cobertas com alguém. Era a primeira vez que eu tinha alguém para fazer aquilo. Normalmente, eu fugia nas primeiras horas da manhã, e retornava, na caminhada da vergonha, para casa.
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Era bom, o que quer que isso fosse.
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— Bem, fui babá de Dave até…
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— Até?
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Ele ficou calado por um instante, como se ponderando a resposta. As memórias eram visíveis em seu semblante. Ele inspirou mais uma vez e passou a mão pelos cabelos, prendendo eles com o próprio comprimento, o coque frouxo sobre sua nuca.
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— Eu contei que tinha uma gangue. Éramos um bando de adolescentes estúpidos. Alguns eram mais velhos, mas todos ainda na escola. Foi um amigo de Iza que nos chamou pra participar dela. Roubar bebida e se meter em confusão, nada melhor para um adolescente com a mente perturbada. Não gosto de admitir, mas saíamos por aí de madrugada aprontando pela cidade, pixando casas ou roubando alguma bebida. Ao mesmo tempo, era babá de Dave, é apesar de me zoarem sobre isso, eu realmente gostava dele. Então eu sempre contava das nossas travessuras.
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Eu parei, quieto, meio chocado com a informação. Claro que eu desconfiava sobre o passado de Alex, por causa de sua tatuagem e por seus comentários anteriores. Eu não me metia com aquilo, mas conseguia empatizar um pouco. Minhas costas arderam um pouco. Assenti, Alex continuava a cozinhar, mexia ovos, acrescentou temperos, e colocou manteiga na frigideira.
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a culpa é sua
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— Acontece que Dave começou a se empolgar com isso. Queria me acompanhar nas saídas. Além de um mico, né, porque eu seria zoado infinitamente se soubessem que eu andava com pirralho, tinha o agravante que Iza completamente o detestava. Depois descobri serem ciúmes. Enfim. Lembro que era um domingo de verão quando a gente estava fumando e bebendo quando Dave apareceu na nossa caverninha.
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Ergui o olhar, na tentativa de definir o que Alex estava pensando. Ele continuava a cozinhar, parecia bem ajustado. Normal. Como se contasse a tragédia de outra pessoa.
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Eu me levantei e arrastei os lençóis até a cozinha.
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— Ele queria se juntar. Ele queria muito se juntar. Disse que faria qualquer coisa. Os outros meninos só riram. Eu não sabia o que fazer. Inventaram um desafio na hora e…
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Sua respiração passou, enquanto os pensamentos vinham. O fio que ligava os dois era ao mesmo tempo muito frágil e muito comprido. Anos de amizade… mas…
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— Por que você se sente tão culpado?
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Ele me encarou com um sorriso, mas seus olhos estavam cheios de tristeza. Eu me recordava bem desse tipo de olhar. Chase o oferecera para mim no dia que me esperou para conversar. Aquilo era… uma sensação conhecida e sufocante. Minhas costas arderam mais um pouco. O pânico e o desespero. Não querer desapontar nenhum dos lados. Com os escombros de suas relações ao seu redor, o que Alex teria pensado?
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Teria amaldiçoado Deus?
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Teria pedido por sua Graças?
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Por um milagre?
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— Foi estúpido. Uma aposta estúpida. Ele… tentou provar o quanto queria. No final, fomos parar no hospital e fiquei de castigo o resto da vida. Acho que ainda estou, se for fazer a conta direitinho.
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Deixei a caneca em cima do balcão, e envolvi os braços em sua cintura, e encostei minha cabeça em suas costas nuas. Não conseguia ver sua expressão.
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— Não consigo cozinhar desse jeito, Jesse.
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Fiquei em silêncio, apenas o abraçando. Meus pensamentos estavam confusos demais para serem coesos, mas Alex… Alex riu e apertou levemente minhas mãos, sem desviar muito a atenção da frigideira, que chiava com nossas omeletes. O cheiro de ovo com manteiga, orégano e queijo enchiam aquele pequeno apartamento; e era com aquele pequeno gosto de casa que eu percebia que julgara Dave por muitas coisas. Talvez até mesmo por ciúmes demais, pela proximidade com Alex. Era óbvio que os dois se gostavam, mas Alex dava claros sinais de que, o que quer estivesse rolando entre nós, era mais importante. Que era ali que ele queria estar.
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E, pela primeira vez, eu também queria estar ali.
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— Queria conhecer mais do Dave também.
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Alex se virou para mim, e beijou a minha testa.
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— Ele ficaria feliz em conhecer você mais, acho. Ele é muito solitário, gostaria de mais um amigo.
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O sorriso de Alex era mais precioso, então talvez… talvez valesse fazer mais um esforço.
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— Podemos sair para algum lugar então.
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— Ah. Claro, claro.
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— Não gostou da ideia?
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— Não é que eu não tenha gostado. É que…
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O cheiro de algo queimando nos distraiu.
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— A omelete! — ele falou, enquanto eu ria e o largava para que ele pudesse salvar nosso café da manhã.
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— Você vai comer essa.
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— Oras, você quem me distraiu…!
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— Eu sou o convidado! Tenho que comer do melhor prato!
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Alex riu de canto de boca.
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— Eu quem comi do melhor prato ontem se bem me lembro.
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— Como você fala uma coisa dessas com o rosto sério…! Tudo bem, eu como! — Era muito bom ver como ele ficava feliz com tão pouco. Era quase um crime.
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— Não precisa, eu como.
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— Vamos dividir o fardo então. Os dois comemos.
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Alex bagunçou meus cabelos, e armamos nossa mesa improvisada na cama. Não havia muito espaço naquele apartamento, portanto Alex revezava entre comer no balcão da cozinha ou comer na cama. “Nunca me importei de comer na cama,” ele me dissera antes. “E, francamente, estou na idade de não me importar com muitas frescuras. Eu que arrumo mesmo.”
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Ou não arrumava, como era o caso.
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— Quanto a sair pra algum lugar, eu acho que seria difícil. — Alex comeu o pedaço da omelete queimada primeiro. — Dave é uma pessoa… complicada para se levar para lugares novos.
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Eu coloquei um pouco de xarope de bordo no meu prato.
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— Por causa do problema dele?
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— Exato. São semanas até que ele se acostume a sair para um local público. Aquele café onde você nos encontrou foi um exercício de paciência. Estamos indo lá desde o início do semestre passado.
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— Hm. — Era realmente um problema. Mastiguei um pouco, enquanto terminava o prato. Uma ideia não muito boa começava a se formar. — E aqui é um pouco apertado para nós três, mal cabe os dois de nós.
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— E, infelizmente, não tem muito o que fazer.
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— Bem, tem o que fazer. Só acho que Dave não gostaria de entrar no meio de nós.
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Alex tossiu, se engasgando com café.
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— Não, por favor, nem levante essa possibilidade.
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Continuei revirando minha omelete. Meu celular tinha ficado quieto a manhã toda, porém… talvez fosse uma má ideia. Era uma má ideia. Mas, às vezes, você deseja que as coisas sejam normais. Um único dia normal.
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— Acho que não teriam tantos problemas se vocês fossem lá em casa…
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— Oh? Vai me apresentar aos seus pais?
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— Casa da minha mãe. Meu pai, assim como o seu, não está na figura.
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Alex apenas assentiu.
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— Família complicada?
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— Você não faz nem ideia. — A risada que saiu de mim foi nervosa. — Mas minha mãe deve estar de plantão. Posso pedir ao meu irmão para que não ocupe a TV da sala e me empreste o PS5 e o Xbox.
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— Vocês têm… os consoles de última geração?
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Dei de ombros.
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— O trabalho de modelo paga bem.
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Alex me encarou, deixou o prato pela metade em cima da cama, e foi em direção à cabeceira de mesa pegando seu celular. Sem entender, ele iniciou uma chamada, e foi respondido de imediato.
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O rosto confuso de Dave copiava a minha pergunta.
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— O quê…
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— Temos um lugar a invadir hoje.
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E com o dedo em riste, apontou para meu peito nu.
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— Leve-nos para sua base, seu bastardo riquinho!
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