fogáreu
cinzas – 1
Do fogo foi forjado, e das chamas de suas mãos calejadas nasce um odor acre de carne queimada. Um estupor nublava a consciência, mas é o gosto de sal e areia que chegou aos lábios, o fazendo lembrar. Mar e lavandas. Nem mesmo as labaredas eternas podem apagar as memórias. Faryehh olhou em frente.
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Cinzas caíam como flocos de neve, tão frias quanto o olhar que se erguia ao longe. Mas Njoe sorria. Um dia, ele amou aquele sorriso. Em meio aquele caos, ainda se recordava de preces murmuradas ao Deus do Tempo, por mais horas, até mesmo segundos com o propósito de deslizar os dedos pelos fios loiros, perder-se em seus emaranhados e conservar aquele sonho tão deles. Contudo, foram suas escolhas que os levaram até aquela praia. Faryehh sacou sua espada mais uma vez, o olhar decidido para o homem, os passos de Njoe em sua direção congelando a atmosfera ao redor.
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Ele ainda sorria.
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Não havia como retornar aos dias plácidos de verão, quando cabelos ainda alcançavam costas, quando mãos se entrelaçavam debaixo de livros. Agora, elas só serviam para magoar e ferir. Atrás deles, corpos se amontoavam e os olhos frios delas encaravam o fim do mundo. O sangue derramado evaporava ao entrar em contato com a pele marrom, enquanto gotas rubras pingavam das garras do outro.
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Eu o amo, quis dizer. Mas era demais, era prender os dois em demasia em uma promessa que não poderia ser cumprida agora, no Fim da Jornada. Mesmo com a dor queimando seu coração, a espada estava erguida. Não havia mais Faryehh e Njoe. Não havia como lutar contra as amarras do Destino.
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— Venha, kharabêtam. Vamos dançar uma última vez.
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E pela espada, um morreria naquela praia.
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CHIQUE