capítulo 10
meu amor, tão doce
Alex estava em frangalhos quando chegamos à casa de Dave.
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Eu nunca tinha o visto tão abalado assim. Estava sentado na varanda da casa, com o rosto entre as pernas, sem prestar atenção ao seu redor. Dona Kate estava no telefone, nervosa, aparentemente gritava com a polícia para reportar um boletim de ocorrência de pessoa desaparecida; enquanto Samuel parecia o meme do John Travolta, com suas roupas formais e mala de notebook em mãos.
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— Íamos nos encontrar para editar nossos livros — ele explicou quando chegamos. Ele parecia o menos agitado de todos, porém, isso não era dizer muito, porque ele também parecia nervoso. Toda a hora passava a mão nos cabelos e os tirava do lugar. — Ele não apareceu e nem atendia as minhas ligações. Eu não sei o que aconteceu, ele confirmou ontem que vinha.
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— Eu não sabia — Alex murmurou. — Eu não sabia que ele ia sair… ele também não foi na terapia ontem. E disse para Kate que iria dormir na minha casa…
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Dave não ia para lugar algum sem Alex saber…
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Eu me aproximei de Alex e o abracei. Ele se afundou contra mim, e eu conseguia tocar em seu desespero de tão palpável. Suas mãos se fincaram em meus ombros, e achei que ele fosse chorar, no entanto, apenas me abraçou; ficamos ali por alguns longos minutos enquanto tentávamos elaborar um plano de ação.
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Dona Kate voltou para a varanda.
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— Eles não podem emitir o boletim sem quarenta e oito horas de desaparecimento, mas… — Ela mordeu o cabo do telefone, nervosa. — Sabemos que não temos quarenta e oito horas, meninos. Oh céus, meu menino, onde você foi?
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E ela começou a chorar, as mãos cobriram o rosto em desespero.
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Alex se levantou e a abraçou.
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— Eu vou encontrá-lo, Kate.
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E começou a ir em direção à rua.
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— Onde você pensa que vai?
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— Vou procurá-lo por aí. Ele pode estar perdido, desmaiado em algum lugar…
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— E você vai com o celular nesse estado? — Eu apontei, e ele mostrou o celular descarregado. — Não, eu vou com você.
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— Jesse… — Chase suspirou. — Vamos procurar por ele então. Nós quatro. E nos reunimos aqui nessa casa daqui a uma hora. Ele não pode ter ido muito longe, sem dinheiro e sem meios de transporte. Ele deve estar aqui por perto.
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Kate acenou enquanto nos via partir, e sentou-se na varanda, esperando, enquanto íamos em busca de Dave.
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Não sei por quanto tempo eu corri, mas o tempo todo eu gritei pelo nome de Dave, e as pessoas olhavam para mim como se eu fosse louco. Eu parava as mais incautas para perguntar se viram um rapaz gordo de cabelo lilás, porém, minha aparência era tão absurda que afugentava os transeuntes, e eu sabia que era fútil.
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Foi mais de uma hora que corri, e sabia que me atrasaria para voltar. Mas algo me fez correr mais, e para longe. Foi o mar que me chamava, e quando vi, estava no porto, olhei os grandes cruzeiros passarem, e os casais tomarem o chá da tarde nos bistrôs. E perto do caís…
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Um jovem, de cabelos lilás, arfava e tinha as lágrimas em formato de estrelas cadentes.
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Eu não sabia como tinha sido eu que tinha o achado, mas eu sabia que tinha que ter sido eu. De todas as pessoas, era eu quem tinha que ter encontrado Dave naquele porto, assim como Alex me encontrou naquela ponte.
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— Dave! — Corri até ele e o amparei. Ele estava, obviamente, desidratado, e chorava muito, além de arfar. Parecia estar tendo um ataque de pânico. — Droga.
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— J-Jess… Jesse…. eu encontrei com ele. Eu encontrei… com ele. E ele…
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— Não fale agora. — Eu o abracei, enquanto, com a outra mão, tentava mandar uma mensagem para o meu irmão dizendo nossa localização.
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— Ele é uma pessoa horrível…
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— Quem, Dave? A pessoa que te levou?
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— Ele é horrível…
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Murmurava as mesmas coisas, e foi assim que fomos achados.
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Alex olhou para nós, e eu nunca o vi tão derrotado. Quando Dave viu Alex, ele se jogou em seus braços
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— Alex… Alex, por favor…
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Alex o acolheu, as mãos trêmulas contra as costas do outro.
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— Por favor, não me deixe. — Foi o murmúrio baixo que saiu dos lábios de Dave. Os dois ficaram assim por vários minutos, apenas ouvindo a respiração pesada de Dave, que continuava a chorar e balbuciar várias incoerências; enquanto Alex o agarrava e murmurava vários pedidos para que Dave não fosse embora ainda.
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Era impossível penetrar na relação deles.
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E era mesmo.
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— Dave dormiu?
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Alex estava na cama, com o meu telefone sendo usado para uma chamada de vídeo, enquanto ele falava com Dave e o acalmava. Dona Kate o fez ficar em casa, e Alex, eu e Chase voltamos para o apartamento para comer algo. Chase se ofereceu para ir comprar comida em um fast food próximo, e eu tinha acabado de sair do banho quando olhei para meu
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namorado?
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caso atual ficar de namoro com outra pessoa, apesar de eu saber que não era bem isso do que a situação se tratava. Mesmo assim, os ciúmes surgiam.
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eles têm uma relação impenetrável.
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não tem lugar para você.
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— Ele tomou remédios — Alex explicou. — Para ajudar a dormir.
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— Imagino que Dona Kate vá tomar também. Ela estava derrotada hoje.
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— Todo mundo precisa de vez em quando.
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Eu dei de ombros.
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Alex deixou o celular cair na cama, terminando a ligação de vídeo, mas não se moveu da cama. Eu me sentei ao seu lado e puxei o celular para longe.
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— O que está pensando?
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— Minha cabeça é um lugar horrível agora, você não quer estar nela. — Não havia um pingo de comédia em sua voz.
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— Entretenha-me. Um beijo por pensamento.
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— Acho que meus pensamentos não valem seus beijos, nem um pouco de longe…
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— Vamos. Fale o que está sentindo.
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Alex suspirou.
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— É que… por um momento, tudo me pareceu tão… perfeito, sabe?
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— Perfeito?
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— Eu e você… Dave e Samuel… e Dave indo tão bem. Melhorando no tratamento. E, de repente, dá um ataque desses. Tem horas que eu não sei se aguento muito mais disso, sabe?
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— Às vezes você sente que Dave é um fardo?
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E aquela era sua confissão secreta.
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Dizer as palavras foi o suficiente para tornar real os sentimentos que habitavam nele, cristalizá-los em forma física e pristina, e expô-los ao mundo. Sim, era verdade.
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Era verdade.
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E doía pensar aquilo.
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As lágrimas começaram a surgir no rosto de Alex, e eu sabia que tinha pegado em um ponto muito pesado; simplesmente o abracei, o enlacei, o cativei, o aprisionei dentro de mim com o que havia de forças restantes em mim e o beijei. Primeiro, para secar suas lágrimas, depois com amor, e uma terceira vez, com fome de seu ser. Ele correspondeu, tão sedento de mim quanto eu dele, e não esperou nem eu retirar minha calça de moletom, apenas encaixou-se contra mim, colocando-me em seu colo, e, de repente, em nossa sofreguidão, éramos um pela primeira vez. Vistos de corpo e alma, nossos íntimos nus e expostos para a visão do outro. E enquanto ele derramava lágrimas, eu as secava, porque ele fazia o mesmo comigo. E nós nos amamos em um ritmo lento, em um desespero afã; e meus pulmões se tornaram a galáxia, cheio de estrelas e mordidas. E, no fundo, não importava.
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Porque tínhamos nós dois.
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— Chase está vindo.
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— Demorou pra vir. — Alex tomou uma ducha rápida depois que eu me limpei. Ele secava os cabelos e voltava para a cama enquanto eu checava o celular.
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— Teve um atraso na cozinha. E ele ficou com preguiça de ir em outro restaurante.
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— Ele também esteve correndo, né. Coitado, deve estar morto.
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— Ofereça pra que ele tome banho aqui também.
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— Hm, gêmeos…
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Eu joguei um travesseiro na cara dele.
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— Nem pense nisso.
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— Já é tarde, pensamento formado. Aliás, Jesse…
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— Sim?
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— Eu te amo.
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A declaração me deixou sem chão de novo, mas eu devia me acostumar com esses arroubos repentinos por parte de Alex. Ele parecia ser um homem muito romântico mesmo. Alex se aproximou e pegou em minhas mãos.
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— Eu quero gritar para o mundo que você é meu, mas…
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Ah.
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Sempre tinha um “mas”.
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— Não queria falar ainda para o Dave. Ele está fragilizado. Eu quero ter uma conversa direito com ele, descobrir o que aconteceu para ele fugir, e então contar para ele de nós. Não é como se ele não desconfiasse, mas… não sei o que mais pode fazê-lo surtar.
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E não queríamos outro surto, não era mesmo?
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Pobre garoto doido que não sabia lidar com as coisas.
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Eu apenas assenti. O que eu poderia fazer? Alex me abraçou, e eu sabia que estava entregando meu coração em suas palmas para ele fazer o que quisesse com ele. Eu só não esperava me arrepender…
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interlúdio
— Este foi o meu erro então.
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Você encarou suas unhas, na escuridão da galáxia. Sem sons, sem distinção, apenas desdenho. Enfadonho sequer cogitar quais seriam meus erros, mas o desespero agitava a minha garganta em pequenas ondas, a arranhava; e eu estava no meu limite.
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Você não se importava.
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— Não existem culpados — você falou, mas havia, e deveria haver.
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Em um mundo perfeito, a Terra giraria em torno de nós dois, mas, naquele momento, eu e você estávamos em crise; a temperatura subia, e você simplesmente quebrou.
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Sua visão, cruel como uma promessa, apenas me olhou com o infinito; e eu vi o abismo, minhas lágrimas começaram a descer.
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— Desculpe… — comecei a murmurar.
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Desculpe, desculpe, desculpe, desculpe, ecoou
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— Não o desculpo. — Você se aproximou de mim, e eu caí para trás na cama. Escondi meu rosto com as mãos, a vergonha me cortando. Sua face estava a centímetros da minha, e, se vivo, sentiria sua respiração quente. Ao invés disso, senti o hálito gelado da morte, e de minha própria culpa.
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— É isso o que você quer ouvir, Alex? É assim que quer expiar seu pecado? — E trouxe suas mãos até meu rosto, suas unhas impecáveis arranhando minhas bochechas e criando vãos avermelhados pelo caminho, a raiva em sua voz.
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— Você só quer lembrar das coisas boas. De todas as partes em que nos amamos, e toda essa baboseira romântica. Para expiar a sua culpa, você tem que lembrar do fim — suspirou —, da parte em que você é culpado.
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E de sua boca aberta, começaram a sair um tornado de palavras, afiadas o suficiente para cortar minha pele, mas o dano que elas causavam mais eram em minha mente culposa; e eu vi, e eu lembrei.
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